Mãe de ex-presidiário, assassinado há dez meses quando deixava o Fórum Clóvis Beviláqua, é executada com cinco tiros na cabeça por integrantes da gangue do Coqueirinho
A ausência do poder público no bairro do São Miguel, área da Regional VI, próximo à Casa José de Alencar, fez mais uma vítima na guerra pelo controle do tráfico de drogas entre as gangues do Coqueirinho e da Mangueira. Na noite do último domingo, a comerciante Maria Edileuza, 57, foi executada com cinco tiros na cabeça quando estava sentada na calçada de sua residência, na rua Neném Arruda.
Maria Edileuza era a mãe do ex-presidiário Francileudo Ferreira Lima, 25. Ele foi emboscado e morto, com mais de dez tiros, em abril de 2013, quando saía do Fórum Clóvis Beviláqua. Além de Francileudo, Edileuza havia perdido, também para o tráfico, o filho mais velho: Edineuldo Ferreira Facundes, fuzilado por rivais do Coqueirinho em 2006.
Morte anunciada
O POVO entrevistou Maria Edileuza há dez meses, 46 dias depois do assassinato de Francileudo (ver fac-símile abaixo). Na ocasião, a moradora do São Miguel revelou que estava recebendo ameaça de morte dos integrantes do Coqueirinho. Fato também declarado ao Ministério Público, Justiça, delegacia do bairro e policiais militares responsáveis pelo policiamento da área.
Como quase nada foi feito, em termos de investigação continuada e não houve ação do poder público contra o tráfico no São Miguel, a hora de dona Maria Edileuza chegou. Dela e de mais de 60 pessoas (entre traficantes e gente de bem. Levantamento parcial do O POVO. Pode passar de 200) que foram executadas de 2002 até o último domingo. Em poucos processos se conhece a autoria dos criminosos. De um lado e de outro.
O assassinato de Maria Edileuza aconteceu cedo da noite, por volta das 21h20min. Segundo parentes, que têm medo de se identificar, a comerciante havia terminado de jantar e resolveu ir para a calçada da casa. Sem chance de defesa, ela foi surpreendida pelas costas. Tomou cinco tiros na cabeça e morreu ali mesmo. Quem estava na rua Neném Arruda viu quem foram os executores.
“Todo mundo sabe quem foi, menos a polícia. E quando descobrem, prendem num dia e, no outro, a Justiça solta. Voltam e ameaçam todo mundo. A história se repete”, desabafou uma senhora durante o sepultamento, ontem à tarde, no Cemitério Jardim Metropolitano (Eusébio).
Para garantir que, durante o enterro, não haveria invasão do cemitério por parte de integrantes do Coqueirinho e ataque a um ônibus que levava moradores da Mangueira, a Polícia Militar enviou três viaturas do Comando Tático Motorizado (Cotam) para fazer uma escolta. Eram pelo menos 12 PMs, armados de metralhadoras e pistolas, comandados pelo capitão Alquimar Sampaio. A Divisão de Homicídios trabalha em sigilo com pelo menos dois nomes suspeitos.
Fonte: O Povo
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